Governo a 54 votos de barrar o impeachment
Que o PMDB é um partido entranhado e viciado no fisiologismo do poder é uma realidade que foi relatada por esse blog em matéria específica. O que Temer, Cunha e a cúpula pmdebista não contava ao anunciar o desembarque do governo de mala e cuia, mas sem a entrega efetiva dos cargos até o momento, era com a reação do Palácio.
A lacuna deixada pelo partido, de sete ministérios e mais de 700 cargos na esfera federal, deu ao PT um grande poder de persuasão, transformando-o da noite para o dia de um partido emparedado em protagonista político, redesenhando o governo e fortalecendo os laços com partidos menores.
Nessa conta a presidenta Dilma e o PT saem no lucro, pois dão um salto quantitativo na luta contra o empeachment, dos 69 votos do PMDB para possíveis 129 votos pertencentes ao PP, PR e PSD e entre 15 a 20 votos de deputados do próprio PMDB que relutam em deixar o governo federal, se aproximando muito do score de 172 votos necessários para barrar o processo, contabilizados nessa soma as faltas e abstenções.
Já a oposição se encontra em uma posição mais fragilizada, se os números divulgados pelo Estado de São Paulo forem condizentes com a realidade, a concretização de um impeachment está cada vez mais distante. Hoje o cenário levantado pelo jornal aponta a oposição com 261 votos pró impeachment e governo com 117 contra, ou seja, para oposição faltariam 81 e para o governo 51 votos.
A estratégia possivelmente adotada pelo palácio não é nova, na constituinte onde o ex-presidente Lula foi deputado, o "centrão", como era conhecida a ala apoiada pelo poder executivo, conseguiu sobrepor o PMDB que era a maior bancada da Câmara e do Senado tendo uma influência decisiva nos trabalhos da Constituinte e em decisões importantes, tais como a redução do mandato do Presidente Sarney (de seis anos para cinco anos), a questão agrária e o papel das Forças Armadas.
O "novo centrão" como está sendo chamado por alguns a parceria entre o governo e partidos menores, poderá resultar em uma vitória contra o impeachment, mas teria consequências. A presidenta teria que governar com a minoria, porém teria uma base mais estável. Mas como não apareceu até agora outra perspectiva de estabilização que possa tentar evitar o total colapso do país, vale que esse, até o momento, é o único horizonte palpável.
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